terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Novo Ano. “Ano Novo”.

Conta a historia, que o imperador Julio César, através de um decreto imperial, declarou como “inicio do ano”, ao dia 1º do mês dedicado ao deus “Janus”, em 46 aEC.

Os romanos tinham um calendário de 12 meses (herdado dos egípcios, que herdaram dos babilônios), e cada mês recebia o nome de uma divindade Greco-romana. Alias, o nome do mês “Janeiro” se origina em “Janus”.

Janus” era representado por um homem com duas faces, uma olhando para frente, e outra olhando para trás. Segundo os romanos, era o “deus das mudanças”. Do passado e do futuro. Por isso os fieis de “Janus” pediam a este deus abençoar todo nascimento, ou novo projeto de vida.

Quando o império romano foi cristianizado pelo imperador Constantino (no século 4 da nossa era), o calendário foi mantido com algumas poucas mudanças. E foi somente o Papa Gregório quem reformulou o “Calendário Juliano” e criou o “Calendário Gregoriano” em 24/02/1582. Este é o Calendário que seguimos hoje, e como o “Calendário Juliano”, o 1º dia do ano foi estipulado em “1º de Janus/Janeiro”.

Por outro lado, os judeus tem o “Rosh haShaná” (cabeça do ano). Esta data comemora o dia em que o Eterno soprou vida no 1º “ser de sangue” (“a-dam” - Adão) e foi declarado na Torá como “Yom Teruá”, ou “o Dia da Aclamação” (Levítico 23:24). Isto acontece todo 1º dia do mês de Tishrei, que em 2008 aconteceu em 29 de Setembro.

Já os chineses têm como Ano Novo, uma data entre 21 de Janeiro e 21 de Fevereiro. Esta data comemora o dia em que Buda chamou todos os animais para uma reunião, mas somente 12 animais compareceram. Em honra a estes animais, eles foram imortalizados no zodíaco, e foi decretado que cada ano honrasse a um animal. E por isso o ano de 2008 foi o ano do rato, e 2009 será o ano do búfalo.

E os islâmicos comemoram como inicio dos tempos, a data que o profeta Mahomé, fugiu da cidade de “Meca” para “Medina”, para escapar de uma perseguição que estava sofrendo, o que teria acontecido por volta do ano 622 eC.

O que me chama a atenção, é que todo “Ano Novo”, em toda cultura, tem uma origem religiosa. Você sabia disso? Talvez não. Mas se não fosse pela religião, o Ano Novo não seria a festa que sempre foi. Seria como uma simples mudança de mês. E ninguém celebra o “novo mês”... Ninguém, a não ser os judeus, nas festas de “Rosh Chodesh” (cabeça de mês).

A palavra “réveillon”, com a qual identificamos a Festa de Ano Novo, é de origem francesa. Esta vem do verbo “réveiller”, que em português significa “despertar”.

Talvez este seja o motivo, do “por que”, em quase todas as culturas, celebra-se o Ano Novo sempre com um caráter de “re-nascimento”. De “re-começar”. De fazer “planos”. Como se fosse um mergulhador que sobe à superfície para tomar um “gole de ar”, e se lançar em mais um mergulho no grande oceano da vida.

Porem devemos ter em mente, que o “Ano Novo” é apenas um dia como outro qualquer. Não é mágico. Não traz nenhuma mudança, a não ser a do calendário.

Mas, o que torna esta data em uma “data especial”, é a nossa “esperança”. Esta é a mágica de que tanto precisamos.

Pessoas que guardam “esperança” em seus corações são capazes de repensar suas vidas. E pessoas que repensam suas vidas podem mudar estas. No que “foram” e no que querem “ser”. Onde chegaram, e aonde queriam chegar.

Esta mágica nos da coragem para exercitarmos o maior presente que o Criador nos deu – o livre arbítrio - A capacidade de poder escolher “um caminho”, entre “vários caminhos”.

E que caminho é este? Bom, queremos um caminho que nos leve mais perto da “justiça”, do “bem”, e da “felicidade”. Pois foi exatamente para isto que o Eterno nos criou.

Por isso, a cada Ano Novo, repensamos as nossas vidas e planejamos, pelo menos em pensamento, que “no ano que vem... pode ser diferente!”. Isto mostra que ainda estamos vivos!

Talvez nos falte coragem de realmente tomar os primeiros passos que vão, de fato, mudar o nosso destino. Mas se não dermos os primeiros passos, e ficarmos na maldita “zona de conforto”, onde tudo funciona como estávamos acostumados, nada vai acontecer, e nossa "esperança" vai definhando a cada ano.

Lembre que são as pessoas sem esperança, as que perdem o contato com a vida, e acabam cortando os pulsos, ou pulando do 9º andar de um prédio qualquer. Por outro lado, as pessoas com um minimo de esperança fazem barulho, chamam a atenção, gritam, choram, dizem que vão se matar, mas não se matam. Pois elas só querem chamar a atenção para a sua dor.

O judaísmo nos ensina que o nosso futuro não está determinado, mas que ele é construído de “acertos” e “erros”. Às vezes mais “erros” do que “acertos”. Mas enfim! C´est La vie!

Por isso, meu amigo(a), neste Ano Novo, dê-se o luxo de reavaliar a sua vida. Faça planos! Mas junto com estes planos, inclua os primeiros passos necessários que vão mudar o atual curso da sua vida.

Planeje o tão prometido “regime”. Mas também comece (depois da ceia, evidentemente) o dito cujo regime. E coloque um tênis, e vai andar na lagoa! Ninguém emagrece sentado e comendo.

Quer reavaliar a sua saúde? Marque uma consulta com o médico da sua confiança, e siga as suas orientações. Os médicos não têm bola de cristal para adivinhar a sua saúde. E pelo amor do Eterno, não se auto-medique!

Seu atual emprego está um saco? Atualize os seus conhecimentos! Busque a reciclagem, e se lance no mercado. Com raras exceções, as empresas não sabem que você existe.

Finalmente, onde a maioria fica... fica... fica... E não anda, nem para frente, nem para trás. Refiro-me à mal fadada “área sentimental”. Saiba que é aqui, onde você tem que investir todo o seu esforço.

Lembre que fomos criados pelo Eterno para “buscar a justiça”, “fazer o bem”, e “experimentar a felicidade”, nesta vida.

O dia que comparecer diante do tribunal do Eterno, não vai ser parabenizado pelas empresas que fundou. Nem pelas casas, ou carros, que adquiriu. Nem por toda a grana que ao longo da sua curta, repito: “curta” vida juntou. Mas a grande pergunta que ouvirá do Criador será: “O que você fez da sua vida?”.

O que vamos responder?

Para finalizar: Nenhum filme representa tão fielmente isto, como a crônica judaica registrada no filme “Click”. Onde Adam Sandler é um patético arquiteto que recebe um presente dos céus: Um controle remoto que vai mudar a sua vida para sempre. E através dos saltos que dá na sua vida, se torna um homem rico e poderoso. Mas perde sua esposa e seus dois filhos. Ou seja: ganhou nada, perdeu tudo!

As vezes que ficou completamente “aloprado” com a vida, jogo xadrez com o meu note-book. E sabe o melhor? Ganho todas as vezes! Não importando em que nível jogo (principiante, médio, ou avançado).

E sabe como consigo esta proeza? Simples! Eu trapaceio!

Tem um comando no jogo do Xadrez do Windows Vista, que se chama “Desfazer”. Ou seja, se eu fizer uma jogada errada, então pressiono as teclas “Ctrl + Z”, e Voilá! Volto uma jogada, e começo tudo novamente. E assim vou... Até ganhar o jogo, que pôde durar horas!

Mas o Eterno, quando nos deu o livre arbítrio, na sua infinita sabedoria, não nos deu o bendito botão “Desfazer”. E assim, quando tomamos decisões erradas, não temos outra opção a não ser arcar com as conseqüências dos nossos erros ou acertos. Não temos “Ctrl+Z”.

Ele realmente espera que aprendamos com os nossos erros, não importa se temos 20, 40, 60 ou 80 anos. Mas nem sempre estamos dispostos a aprender. Por isso o Eterno cria situações, nas quais demonstraremos nosso “melhor” (quando aprendemos), ou nosso “pior” (quando desaprendemos tudo).

Por isso meu amigo(a), tire um “tempo” para si. Olhe para atrás, e veja o que "planejou" e "deu certo", assim como veja o que "planejou" e "não deu certo". Lembre que nesta vida, o relógio sempre anda para frente. Logo não viva no passado, mas “aprenda” com o seu passado para melhorar o seu futuro.

Transforme este “Novo Ano” em um “Ano Novo”

Feliz Ano Novo!!!
Boris Alday

domingo, 28 de dezembro de 2008

Dos Andes para Israel.

(fonte: “La Revelacion” de Graciela Mochkofsky, Editora Planeta Arg.)

Faz algumas semanas me deparei com uma impressionante historia de Graciela Mochkofsky, uma jornalista argentina, filha de mãe católica e pai judeu polonês.

A própria Graciela conta como “tropeçou” com a história: Certo dia, ela estava fazendo uma pesquisa na web para escrever um novo artigo para o jornal onde trabalha. No meio do “Google”, ela achou “por acaso”, uma carta de um rabino americano, na qual o rabino estava pedindo dinheiro às comunidades judaicas de USA, para ajudar a uma comunidade de “judeus-incas”, que ainda estavam em Peru à fazer “aliá”.

Chama-se “aliá”, o direito (legal) à cidadania israelense, a todo judeu de “nascimento” ou “converso”, desde que este último tenha feito sua conversão seguindo a linha ortodoxa.

(*) O governo de Israel não reconhece, para efeitos de “aliá”, conversões oriundas do judaísmo “liberal” ou “reformista”. Quanto ao chamado “judaísmo messiânico” ou “nazareno”, as autoridades de Israel ainda os consideram como linhas do cristianismo evangélico e não judaísmo.

Intrigada com a existência de “judeus incas” a jornalista argentina entrou em contato com o rabino americano. Mas este já havia falecido (suas cartas ficaram registradas na internet mesmo depois da sua morte), e sua viúva, que tinha sotaque latino-americano, lhe contou uma historia fascinante que vou resumir a seguir.

Por volta de 1944, numa pequena e pobre cidade peruana de nome “Cajamarca”, ao norte de Lima, um jovem adolescente de 17 anos, de nome “Segundo Villanueva” recebe como única herança do seu pai, uma velha Bíblia Católica.

Por causa da violenta morte do seu pai, que fora assassinado, Villanueva mergulhou na Bíblia Católica em busca de algumas respostas. Mas ao invés de ir para o conforto espiritual do chamado “Novo Testamento”, Villanueva ficou no primeiro livro da Bíblia, o livro de “Bereshit” – Genesis.

Depois de estudar a Bíblia por longos anos, Villanueva tropeçou com os engessados dogmas católicos. Isto fez com que Villanueva migra-se para à igreja protestante.

Na igreja protestante, um pouco mais liberal para o estudo e interpretação da Bíblia, Villanueva estudou mais a fundo, e começou a perceber uma “verdade” que paira como uma sombra obscura por cima do cristianismo. A de que existe uma grande diferença entre o que “diz” a Bíblia e o que a igreja “pratica”.

Por causa da descoberta do “abismo” que existe entre a “teoria” e a “pratica” cristã, Villanueva se lançou, mais uma vez, em busca de respostas. E isto o levou a experimentar os vários sabores do cristianismo evangélico. De batista, à adventista, à carismático. Até que por volta do ano de 1960 ele acabou fundando uma denominação independe.

Segundo a escritora e jornalista, Graciela Mochkofsky, “Villanueva estava com fome de descobrir a grande pergunta de todos os tempos: Qual é a verdade?”

Villanueva não sabia onde estava a verdadeira fé religiosa. Mas já estava convencido de que esta, não se encontrava no cristianismo. E assim começou a buscar respostas no judaísmo. E como quase toda a comunidade judaica de Peru se concentra em Lima, Villanueva levantou alguns poucos recursos, e viajou à Lima, em busca de respostas.

Mas dizem por ai, que todo caminho em busca da verdade é sempre difícil.

Por essas coisas que os rabinos não conseguem explicar satisfatoriamente, as comunidades judaicas de latino-america, com raras exceções, são extremamente fechadas para os extranhos. O medo a que desconhecidos venham à sua comunidade e tomem suas filhas ou filhos, e/ou que estes venham a buscar ascensão social e financeira às suas custas, fazem com que as comunidades simplesmente fechem as portas para os “Guer Tzadik” – Os conversos justos.

(*) Em outros lugares, como USA e Europa, onde existe menos desequilíbrio social, esta aversão pelos estranhos é muito menor. E em alguns lugares, inexistente.

Isto se deve, em parte, à que a “halachá” (a lei judaica) diz que depois que um “não-judeu” se converte (sempre pela linha ortodoxa, é claro), ele é 100% judeu, e alguns rabinos dizem que é 120% judeu (ou seja, um convertido é mais judeu do que um natural), e não pode haver nenhuma diferença entre o “natural” e o “converso”, e o mais delicado de tudo, nunca vai deixar de ser judeu, não importa o que faça, ou deixe de fazer.

Mas como todo “grande muro” sempre tem uma “pequena porta” (ou janela), Villanueva encontrou a simpatia de alguns poucos judeus, que o presentearam com alguns livros de judaísmo, como “Sidur” (livro de orações), “Talmud” (livro de estudo), “Shulchan Aruch” (livro de leis), alem da própria “Torá”. E o melhor de tudo, em castelhano.

Estudando estes livros, Villanueva não teve como não fazer as habituais comparações entre o cristianismo/ judaísmo e as Escrituras. E então, começou a ministrar alguns ensinamentos considerados exclusivamente judaicos. Como “kashrut” (comida apropriada), “Shabath” (guarda do sábado) e outros temas. No final disto, mais de metade da comunidade o abandonou. E ao sair gritaram para ele: “Seu Anticristo!”.

Villanueva, com menos da metade dos seus seguidores, continuaram estudando as escrituras. E ai veio outro momento ruim: O “Brit Milá” (Circuncisão). Villanueva estava convencido que de o “Brit” não era algo somente “espiritual”, como ensina o cristianismo. Mas que se tratava de um assunto literal e “cirúrgico”.

Novamente, metades dos membros o abandonaram, por considerar o rito da circuncisão, uma decisão extremante difícil de ser tomada. O que convenhamos, é uma decisão muito difícil de ser tomada.

Um dia, quando Villanueva estava lendo um jornal peruano, ele se deparou com uma noticia da celebração da “guerra dos 6 dias” de Israel. Foi então que ele entendeu que ainda existia a nação de Israel. E seu desejo de ir morar na chamada “Terra Santa” cresceu dentro dele. Mas sem nenhum recurso à mão, ficou apenas no sonho. Nada mais.

Por mais de 20 anos Villanueva, e seus amigos, seguiram algo parecido com o judaísmo ortodoxo, sem sequer ter um rabino que os ajuda-se. Mas um rico empresário, de uma das comunidades de Lima, ficou intrigado e foi ver “in loco”, como Villanueva e seus seguidores viviam.

Quando o empresário judeu viu a pequena comunidade de Cajamarca ficou pasmo. E assim ele se empenha em ajudar de alguma forma ou outra à nova comunidade de conversos. A primeira coisa que este empresário fez foi buscar um rabino em terras estranhas. E assim chamou um rabino de USA. O mesmo rabino, que no inicio da historia estava levantando fundos entre as comunidades de USA para ajudar os judeus incas.

O rabino começou a orientar à nova comunidade na ortodoxia judaica oficial, e chamou outros rabinos de Israel para participar do processo. Por volta de 1990, depois de verificar um a um a honestidade da sua fé de cada membro da comunidade, os rabinos sacramentam definitivamente a conversão de toda a comunidade, e comunicam o Gran-Rabinato em Israel.

Até o rabino acabou encontrando sua “alma gêmea” entre os conversos da comunidade inca, e quando terminou o seu trabalho, voltou com a sua esposa peruana para USA. A mesma que relata esta historia à jornalista argentina.

Por volta de 1990, o rabino americano consegue finalmente levantar os fundos necessários para conseguir o que parecia impossível... A migração de toda a comunidade inca para Israel.
Em 1991, com a ajuda do Gran-Rabinato, e da autorização do governo de Israelense, quase toda a comunidade migrou para Israel, onde se estabeleceram nas colônias da palestina. Ao todo, quase 200 pessoas.

Os remanescentes, os que por um motivo ou outro não migraram em 1991, ficaram em Peru. Mas ao invés de abandonar o caminho, eles perseveraram e fizeram crescer novamente a comunidade judaica inca, em Peru.

Entre os anos de 2001 a 2005 todos os judeus incas deixaram o Peru com destino a Israel, onde residem até hoje. Uma comunidade de quase 400 “ultra-ortodoxos”.

Por volta de 2006, Segundo Villanueva faleceu com quase 80 anos. Ele foi enterrado na Terra Santa, como judeu e cidadão israelense.

A jornalista argentina, Graciela Mochkofsky, registrou tudo isto no seu livro chamado “La Revelación – Uma historia real”. E esperamos que algum dia esteja disponível no Brasil.

Mais detalhes:
http://www.youtube.com/watch?v=to_x5MT8IW4
http://www.youtube.com/watch?v=VLf2yC9qBME
http://www.youtube.com/watch?v=B8CZgkGYW7w&feature=related

O Livro:
http://www.lsf.com.ar/libros/37/REVELACION-LA/

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Quem é o criador de Shrek?

(fonte: chabad)

Faz uns 4 anos, fui surpreendido com uma matéria do site “chabad”, o qual assino há bastante tempo.

Esta matéria me chamou a atenção, pois eu sou fã de carteirinha da série “Shrek”. Alias, quem não é?

Quando assisti o 1º Shrek, em 2001, reconheci vários ensinamentos “judaicos”. Estes eram muito claros para mim, pois foi nesse ano, em que trabalhava em São Paulo, que iniciei meus estudos de Torá.

Lembro até hoje... Eram todas as 2ª feiras à noite, numa sala de escritório, no “Teatro Procópio Ferreira”, na rua Augusta Nº 2823. Depois do estudo, descíamos para uma confraternização (comida + bebida + muita conversa) que acontecia simultaneamente no “Back Stage Café”, o café do mesmo Teatro. Ali nos reuníamos com o “moré” (professor), o rabino, e um monte de pessoas que estavam buscando conhecer o judaísmo, como eu.

Quando comentei com meus amigos, e alunos de seminário, sobre a “mensagem judaica” do filme, não fui parabenizado pela minha descoberta, pelo contrário, me chamaram de “judaizante”.

Em 2004 foi lançado o 2º filme de Shrek. Agora não tinha dúvidas. O filme estava “empesteado” de ensinos judaicos. Dava para ver de longe. Só não via quem nunca tinha estudado Torá.

Comentei com meus amigos, e com a congregação à qual pertencia, mas salvo uma ou duas pessoas, o resto foi a habitual censura. Por isso guardei esta historia... até hoje.

A história de David N. Weiss, o criador de Shrek, em algum ponto se cruza com a minha, e por isso me é tão significativa. Claro que a historia dele é 100 vezes melhor!

Esta historia esteve disponível na web no site do “chabad” até um tempo atrás. Mas este último ano foi retirada do ar. Por isso, tive certo trabalho para re-compilá-la. (Tenha em mente que esta materia foi ao ar em 2004/2005).

Espero que lhes seja de algum proveito.

Boris.

- * -

A história pessoal do criador de Shrek.

O trabalho mais recente de David N. Weiss, um escritor indicado ao prêmio Emmy, é “Shrek 2”, o filme de maior sucesso atualmente nos Estados Unidos. O filme conta as peripécias de um Ogro esquisito que vive em um pântano (Shrek) e casa-se com uma linda princesa. Ao longo do filme, descobre o sentido mais profundo do casamento, de sua identidade e da dedicação ao próximo.

Weiss tem uma história pessoal fascinante: foi criado em uma família judia assimilada, tornou-se um pastor cristão e finalmente retornou ao judaísmo. Atualmente David Weiss tem 44 anos, é casado e tem dois filhos.

Chabad: Shrek 2 é um grande sucesso – quebrou o recorde de bilheteria de Jurassic Park e em breve será o desenho animado com a maior bilheteria de todos os tempos. Você já esperava isso?

Weiss: Eu sempre soube que o filme começaria por cima, baseado no sucesso do primeiro filme. Mas você deve lembrar-se que terminei de escrever Shrek 2 há dois anos, e neste estágio do processo você ainda não tem uma visão geral do que vai sair daí. Em animação, os desenhistas são muito importantes. No estúdio, você vê esses animadores interpretando algumas cenas, fazendo caras engraçadas diante do espelho, e isso é o que há de mágico no script. Nós esperávamos que tudo isso desse certo, mas nunca podemos ter certeza até ver a reação do público.

Chabad: As crianças adoram Shrek 2, mas no desenho há mensagens mais profundas, direcionadas aos pais. Você inclui algum tema especificamente judaico?

Weiss: Na verdade, um dos temas principais do filme é baseado em algo que eu ouvi do rabino Shlomo Goldberg (que por sua vez ouviu do rabino Noach Orlowek). É a definição de amor: “O que é importante para você é importante para mim.”. No filme, após casar com a princesa Fionna, Shrek presume que eles viverão no pântano. Porém, o pai de Fionna começa a tramar para um plano para trazer sua filha de volta ao palácio. O rei age sobre a auto-estima de Shrek, fazendo-o sentir que ele arruinou a vida da pobre menina. E há muitos argumentos que fazem Shrek, e até mesmo o público, acreditar que talvez isso seja verdade. No início, Shrek é bem egoísta em relação a isso, e quer que Fionna fique com ele no pântano. Mas depois ele tem outras idéias: “Talvez Fionna seria mais feliz como uma princesa, em vez da Ogra na qual eu a transformei”. E é porque Shrek ama muito Fionna que ele decide dar a ela a porção mágica “e viveram felizes para sempre” , deixando-a retornar para a vida no palácio. Isso não porque é o melhor para ele, Shrek, mas porque ele deseja isso para o bem de sua amada.
No encontro com os executivos da Dreamworks (muitos dos quais são judeus), às vezes eu mencionava que isso era um pensamento judaico tradicional. É realmente o tema básico do filme, e estou orgulhoso de ter levado as coisas nesta direção. Assim, através de Shrek, um pouco da sabedoria judaica está sendo revelada a milhões de pessoas.

Chabad: Como foi sua criação, qual era a sua ligação com judaísmo ?

Weiss: Fui criado no reformismo, e judaísmo para mim significava basicamente as pinturas de Chagall, o Holocausto e plantar árvores em Israel. Mas eu era mais interessado em espiritualidade. Eu ouvira a história de Avraham, que entendeu ainda jovem que deveria haver algo maior que ídolos, maior que o sol, a lua e as estrelas. Essa história realmente me impressionou. Eu me lembro que quando tinha 6 anos eu acordava no meio da noite pensando no que acontecia quando você morria, se não havia algo mais na vida e no universo. A idéia de que a vida acabava quando se morria era muito assustadora para mim.

Chabad: Então você se interessou mais pelo judaísmo?

Weiss: Não, porque eu achava que acreditar em D’us e no céu eram idéias cristãs, era algo como “nós não acreditamos no que eles (os cristãos) acreditam”. Mas eu estava determinado a buscar D’us.

Chabad: E como você se satisfez?

Weiss: No meu colégio em Ventura (Califórnia), dos 2800 alunos, somente 7 eram judeus. Todos os meus amigos iam para a Igreja. Certa vez tive uma conversa noite adentro com um pastor, que me convenceu por argumentos lógicos a acreditar em D’us. Isso fez com que eu quisesse me tornar cristão. Eu teria me tornado um judeu observante se naquela ocasião um judeu tivesse me convencido sobre D’us.

Chabad: Isso é um salto muito grande: do “bar-mitzva” para a “comunhão”.

Weiss: Na verdade, Jesus era a pedra no meu sapato que veio com o pacote. Eu não gostava do nome “Jesus” e eu não consegui pronunciá-lo por talvez um ano. Havia partes do cristianismo que não funcionavam bem para mim, e eu as ignorava. Mas eu estava em uma busca desenfreada por D’us e esse era o único caminho que me fora oferecido. Então nos próximos 17 anos eu trabalhei como pastor para a juventude, produzindo filmes e peças para jovens.

Chabad: Mas então alguma coisa fez você mudar de idéia.

Weiss: Em 1989 eu estava rodando um filme na Irlanda e em minhas horas vagas, trabalhava como pastor na igreja presbiteriana local. Havia um jovem judeu ortodoxo trabalhando no estúdio de filmagem chamado David Steinberg (atualmente ele é produtor na Disney e autor de livros infantis). Essa foi a primeira vez na vida que eu encontrei um judeu observante. Ele era bem moderno e muito simpático e todos no estúdio adoravam ele.
Durante quase um ano, nós evitamos um ao outro. Só que eu comecei a ensinar ao meu grupo da Igreja sobre as festas judaicas, mas eu não fazia a mais vaga idéia do que se tratava. Então eu pedi para o David se ele poderia dar algumas aulas. Ele concordou e ele era bom mesmo! A partir daí ele percebeu que eu não estava tentando convertê-lo, e nós começamos a nos falar. Me lembro que eu perguntei a ele , “ Eu tenho Jesus como meu sacrifício. Mas vocês não têm mais um Templo, e conseqüentemente sacrifícios. Como vocês fazem para se expiar?”
Ele respondeu a pergunta de uma maneira muito bonita, explicando que D’us fala: “Eu quero o sacrifício de seus lábios. Quero o serviço de seus corações.Prece. Essa é a melhor das oferendas para Mim”.
Eu percebi que os judeus eram fiéis a D’us havia centenas de anos, mesmo sem um Templo e sem sacrifícios. Isso me deixou atônito, porque não é isso que ensinam na Igreja. Eles ensinam que o sangue de alguém teve que ser derramado por nossos pecados. Sem sangue não haveria perdão.
Fiquei muito impressionado com essa conversa. Era irritante para mim saber que um grupo de pessoas ia tão bem sem Jesus. Especialmente porque os cristãos dizem que todo o mundo precisa dele.
Isso abalou minhas estruturas. A essa altura eu já farto do cristianismo, porque não me sentia em casa. Sentia como se fosse um estranho.
Comecei então a questionar minhas crenças. Pensava que talvez eu deveria ser mais como o David.

Chabad: E quando aconteceu a mudança?

Weiss: Em um fim-de-semana dirigi até o alto de um penhasco no noroeste da Irlanda. E ali estava eu, a 550 metros de altura, onde o vento soprava as águas do oceano Atlântico ao encontro da rocha.
Era selvagem e poderoso. Olhei para o mar, meditando em meu “momento de silêncio”, como um cristão devoto faz todas as manhãs. Eu observei aquela força espetacular e pensei: “Isso é claramente a Mão de D’us”, Os céus proclamam a Glória de D’us (salmo 19).
Fiquei muito aflito, porque não sabia para quem rezar. Pensei que se rezasse para Jesus, poderia estar ofendendo o único D’us verdadeiro. Mas se rezasse diretamente para D’us, estaria traindo aquela que fora minha religião nos últimos 15 anos.
Eu me senti exatamente como quando meus pais se divorciaram: uma tarde eu quis ver minha mãe, mas quando meu pai me perguntou aonde eu ia, disse que iria dar uma volta, pois não queria magoá-lo. Quando cheguei na casa de minha mãe, explodi em lágrimas, eu sentia como se tivesse traído meu pai. Era um sentimento muito ruim mesmo.
Foi assim que me senti naquela tarde, sem saber para quem rezar.

Chabad: E como foi o seu retorno?

Weiss: Eu conheci o crítico de filmes Michael Medved em um festival de cinema. Eu achava que ele era católico, pois já vira seu nome mencionado em revistas cristãs, mas ele usava Kipá! Ele me convidou para almoçar em sua casa no Shabat, e foi maravilhoso, a sinagoga, as famílias, as crianças. Nessa época encontrei minha esposa e começamos a freqüentar aulas de introdução ao judaísmo.
Mas eu continuava freqüentando a Igreja, achando que poderia incorporar judaísmo no meu cristianismo. Durante algum tempo eu ia para a sinagoga no sábado e à igreja no domingo.
Mas então percebi que teria abrir mão de algum do dois, e meu judaísmo estava cada vez mais significativo para mim. Além disso, já não estavam muito satisfeitos comigo na Igreja, pois eu questionava várias passagens da bíblia que me pareciam anti-semitas.
O fim da história é que fui à mikve e renunciei ao cristianismo. Minha esposa se converteu ao judaísmo, e hoje temos lindas crianças que freqüentam uma escola judaica, cumprimos Shabat e comemos kasher. E nós ainda temos muito a crescer!

Chabad: Qual seu próximo passo?

Weiss: Ir para Israel foi um grande passo para nós. Fomos para Sucot e eu estava com medo, mas foi maravilhoso. Fazer “aliá” me parece um passo muito grande no momento, mas sentimos que é o lugar ao qual pertencemos.

Chabad: Sendo um judeu observante, como seu estilo de vida se encaixa no estereótipo Hollywodiano?

Weiss: Ainda sou um cara de Hollywood, mas não no sentido de que eu estou sempre indo a festas. Na verdade há aqui um grupo de escritores que são judeus observantes. E é surpreendentemente fácil ser observante aqui. Quando fomos para a premier de Shreck 2 em Cannes havia alguns eventos no Shabat, mas quase nunca há problemas.

Chabad: Em termos de causar impacto no público, um filme como “Paixão de Cristo” foi bem sucedido. Você já pensou em fazer um filme judaico desse porte?

Weiss: Não acho que esse filme tenha mudado ninguém, só serviu para irritar alguns sobre aquilo que os cristãos já pregavam. Eles dizem que judeus e cristãos viram dois filmes completamente diferentes. Sei o que teria sentido se tivesse assistido ao filme 15 anos atrás: teria chorado, seria uma experiência religiosa. Hoje eu nem quero ver o filme. Não tenho mais estômago para duas horas de violência.

Chabad: Já tendo visto os dois lados, como você definiria a diferença entre judaísmo e cristianismo?

Weiss: Judaísmo tem a idéia de que colocamos as palavras de Torá sobre o coração, e não dentro dele, porque nosso coração é como uma pedra. Mas se você vai empilhando-as, um dia você se emociona com uma música, ou alguma coisa e então seu coração se abre e todas essas palavras caem para dentro dele.
Mas se você tem uma dessas experiências emocionantes e a Torá não está sobre o seu coração, então nada acontece. Você está extasiado, mas quando acaba você se esquece do que passou. Você precisa de ambos os componentes. E o verdadeiro poder do judaísmo é a Torá e suas “miztvot”, que constroem uma base concreta para segurar o sentimento.

Chabad: O que você acha que pode ser feito para conter o fenômeno da assimilação e alcançar as pessoas?

Weiss: Só posso falar daquilo que funcionou para mim: sentir-se abraçado, bem vindo, amado. Só que, por algum motivo, as pessoas simplesmente não estão interessadas. Elas não conversam com um rabino, elas não querem participar de um jantar de Shabat. Eu não sei o que você pode fazer sobre isso.
Eu acredito de uma maneira mística, que quando cumprimos mitzvot, quando estudamos Torá, quando mudamos e melhoramos, tudo isso causa um impacto no universo, um impacto que afeta a assimilação de alguma maneira. Mais diretamente, enquanto trilhamos nosso caminho, podemos para e bater um papo com nossos vizinhos. Por exemplo: eu tinha um vizinho há muitos anos, mas só trocávamos um “oi” de vez enquanto. Mas semana passada conversamos por quase meia hora, ele queria saber minha história, como cheguei onde estou. E agora ele quer vir jantar conosco no Shabat e trazer sua família.
Conectar-se é uma coisa muito pessoal. Ultimamente eu tenho acreditado que a maneira de atingir as massas é um por um, é criar uma conexão intensa com outra alma.
Não há uma poção mágica para cada um.

Apenas 12 segundos...

(fonte: sionlatino).

Esta é uma historia real... Não se trata de um novo filme, ou de algum livro que fale sobre relacionamento sexual. Se trata de saude.

Em 2008, numa conferencia de neurologistas em USA, a Dra Linda Mc Maron (UK), uma das principais palestrantes, fez uma longa palestra explicando do porque existem algumas pessoas que desmaiam quando levantam.

Parece que este fenômeno, onde algumas pessoas simplesmente “apagam” ao levantar, tem preocupado a comunidade acadêmica. Pois a desconfiança médica é que este mal esteja ligado a outros maiores, como a epilepsia.

A Dra. Linda Mc Maron apresentou na sua palestra, uma conclusão simples e tremenda. Depois e longos anos de estudo, foi constatado que são necessários 12 segundos de espera para que o sangue que está nas extremidades das pernas circule novamente por todo o corpo, até chegar ao cérebro.

Quando este tempo é menor. Ou seja, quando a pessoa acorda e levanta bruscamente, o sangue é “jogado” com violência para o cérebro, ocasionando os desmaios.

A Dra. Mc Maron aconselhou a todas as pessoas (quem possui a síndrome, e quem não possui) que não levantem imediatamente ao acordar, mas que antes, sentassem na cama e esperasse os 12 segundos passar para evitar a fraqueza, tontura e desmaio.

Ela foi aplaudida por toda a comunidade médica presente.

Um segundo professor, um judeu religioso que estava presente, pediu a palavra e dize: “Para nós, judeus, há uma antiga tradição com milhares de anos, a de recitar uma prece de agradecimento ao Criador do Mundo por nos conceder a oportunidade de um novo dia de realizações. A prece é dita imediatamente após despertar, enquanto ainda se está na cama. Há doze palavras nesta prece e se a pessoa se regular para dizê-las lentamente com concentração, leva exatamente doze segundos para pronunciá-la… 12 palavras em 12 segundos”.

Ele recitou a prece lentamente em hebraico: “Modê ani lefanêcha, Mêlech chai vecayam, shehechezárta bi nishmati bechemlá. Rabá emunatêcha” – “Dou graças perante Ti, ó Rei vivo e existente, que devolveste a minha alma com piedade, grande é a nossa fé em Ti”.

O auditório aplaudiu de pé.

Esta é a primeira oração que se encontra no “Sidur”, o livro de orações judaicas.

* O Talmud (o principal livro de estudo da Torá) tem ensinado, há milênios, de que “quem acorda e logo levanta, corre risco de vida” (tratado Guitim 70A).