terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Novo Ano. “Ano Novo”.

Conta a historia, que o imperador Julio César, através de um decreto imperial, declarou como “inicio do ano”, ao dia 1º do mês dedicado ao deus “Janus”, em 46 aEC.

Os romanos tinham um calendário de 12 meses (herdado dos egípcios, que herdaram dos babilônios), e cada mês recebia o nome de uma divindade Greco-romana. Alias, o nome do mês “Janeiro” se origina em “Janus”.

Janus” era representado por um homem com duas faces, uma olhando para frente, e outra olhando para trás. Segundo os romanos, era o “deus das mudanças”. Do passado e do futuro. Por isso os fieis de “Janus” pediam a este deus abençoar todo nascimento, ou novo projeto de vida.

Quando o império romano foi cristianizado pelo imperador Constantino (no século 4 da nossa era), o calendário foi mantido com algumas poucas mudanças. E foi somente o Papa Gregório quem reformulou o “Calendário Juliano” e criou o “Calendário Gregoriano” em 24/02/1582. Este é o Calendário que seguimos hoje, e como o “Calendário Juliano”, o 1º dia do ano foi estipulado em “1º de Janus/Janeiro”.

Por outro lado, os judeus tem o “Rosh haShaná” (cabeça do ano). Esta data comemora o dia em que o Eterno soprou vida no 1º “ser de sangue” (“a-dam” - Adão) e foi declarado na Torá como “Yom Teruá”, ou “o Dia da Aclamação” (Levítico 23:24). Isto acontece todo 1º dia do mês de Tishrei, que em 2008 aconteceu em 29 de Setembro.

Já os chineses têm como Ano Novo, uma data entre 21 de Janeiro e 21 de Fevereiro. Esta data comemora o dia em que Buda chamou todos os animais para uma reunião, mas somente 12 animais compareceram. Em honra a estes animais, eles foram imortalizados no zodíaco, e foi decretado que cada ano honrasse a um animal. E por isso o ano de 2008 foi o ano do rato, e 2009 será o ano do búfalo.

E os islâmicos comemoram como inicio dos tempos, a data que o profeta Mahomé, fugiu da cidade de “Meca” para “Medina”, para escapar de uma perseguição que estava sofrendo, o que teria acontecido por volta do ano 622 eC.

O que me chama a atenção, é que todo “Ano Novo”, em toda cultura, tem uma origem religiosa. Você sabia disso? Talvez não. Mas se não fosse pela religião, o Ano Novo não seria a festa que sempre foi. Seria como uma simples mudança de mês. E ninguém celebra o “novo mês”... Ninguém, a não ser os judeus, nas festas de “Rosh Chodesh” (cabeça de mês).

A palavra “réveillon”, com a qual identificamos a Festa de Ano Novo, é de origem francesa. Esta vem do verbo “réveiller”, que em português significa “despertar”.

Talvez este seja o motivo, do “por que”, em quase todas as culturas, celebra-se o Ano Novo sempre com um caráter de “re-nascimento”. De “re-começar”. De fazer “planos”. Como se fosse um mergulhador que sobe à superfície para tomar um “gole de ar”, e se lançar em mais um mergulho no grande oceano da vida.

Porem devemos ter em mente, que o “Ano Novo” é apenas um dia como outro qualquer. Não é mágico. Não traz nenhuma mudança, a não ser a do calendário.

Mas, o que torna esta data em uma “data especial”, é a nossa “esperança”. Esta é a mágica de que tanto precisamos.

Pessoas que guardam “esperança” em seus corações são capazes de repensar suas vidas. E pessoas que repensam suas vidas podem mudar estas. No que “foram” e no que querem “ser”. Onde chegaram, e aonde queriam chegar.

Esta mágica nos da coragem para exercitarmos o maior presente que o Criador nos deu – o livre arbítrio - A capacidade de poder escolher “um caminho”, entre “vários caminhos”.

E que caminho é este? Bom, queremos um caminho que nos leve mais perto da “justiça”, do “bem”, e da “felicidade”. Pois foi exatamente para isto que o Eterno nos criou.

Por isso, a cada Ano Novo, repensamos as nossas vidas e planejamos, pelo menos em pensamento, que “no ano que vem... pode ser diferente!”. Isto mostra que ainda estamos vivos!

Talvez nos falte coragem de realmente tomar os primeiros passos que vão, de fato, mudar o nosso destino. Mas se não dermos os primeiros passos, e ficarmos na maldita “zona de conforto”, onde tudo funciona como estávamos acostumados, nada vai acontecer, e nossa "esperança" vai definhando a cada ano.

Lembre que são as pessoas sem esperança, as que perdem o contato com a vida, e acabam cortando os pulsos, ou pulando do 9º andar de um prédio qualquer. Por outro lado, as pessoas com um minimo de esperança fazem barulho, chamam a atenção, gritam, choram, dizem que vão se matar, mas não se matam. Pois elas só querem chamar a atenção para a sua dor.

O judaísmo nos ensina que o nosso futuro não está determinado, mas que ele é construído de “acertos” e “erros”. Às vezes mais “erros” do que “acertos”. Mas enfim! C´est La vie!

Por isso, meu amigo(a), neste Ano Novo, dê-se o luxo de reavaliar a sua vida. Faça planos! Mas junto com estes planos, inclua os primeiros passos necessários que vão mudar o atual curso da sua vida.

Planeje o tão prometido “regime”. Mas também comece (depois da ceia, evidentemente) o dito cujo regime. E coloque um tênis, e vai andar na lagoa! Ninguém emagrece sentado e comendo.

Quer reavaliar a sua saúde? Marque uma consulta com o médico da sua confiança, e siga as suas orientações. Os médicos não têm bola de cristal para adivinhar a sua saúde. E pelo amor do Eterno, não se auto-medique!

Seu atual emprego está um saco? Atualize os seus conhecimentos! Busque a reciclagem, e se lance no mercado. Com raras exceções, as empresas não sabem que você existe.

Finalmente, onde a maioria fica... fica... fica... E não anda, nem para frente, nem para trás. Refiro-me à mal fadada “área sentimental”. Saiba que é aqui, onde você tem que investir todo o seu esforço.

Lembre que fomos criados pelo Eterno para “buscar a justiça”, “fazer o bem”, e “experimentar a felicidade”, nesta vida.

O dia que comparecer diante do tribunal do Eterno, não vai ser parabenizado pelas empresas que fundou. Nem pelas casas, ou carros, que adquiriu. Nem por toda a grana que ao longo da sua curta, repito: “curta” vida juntou. Mas a grande pergunta que ouvirá do Criador será: “O que você fez da sua vida?”.

O que vamos responder?

Para finalizar: Nenhum filme representa tão fielmente isto, como a crônica judaica registrada no filme “Click”. Onde Adam Sandler é um patético arquiteto que recebe um presente dos céus: Um controle remoto que vai mudar a sua vida para sempre. E através dos saltos que dá na sua vida, se torna um homem rico e poderoso. Mas perde sua esposa e seus dois filhos. Ou seja: ganhou nada, perdeu tudo!

As vezes que ficou completamente “aloprado” com a vida, jogo xadrez com o meu note-book. E sabe o melhor? Ganho todas as vezes! Não importando em que nível jogo (principiante, médio, ou avançado).

E sabe como consigo esta proeza? Simples! Eu trapaceio!

Tem um comando no jogo do Xadrez do Windows Vista, que se chama “Desfazer”. Ou seja, se eu fizer uma jogada errada, então pressiono as teclas “Ctrl + Z”, e Voilá! Volto uma jogada, e começo tudo novamente. E assim vou... Até ganhar o jogo, que pôde durar horas!

Mas o Eterno, quando nos deu o livre arbítrio, na sua infinita sabedoria, não nos deu o bendito botão “Desfazer”. E assim, quando tomamos decisões erradas, não temos outra opção a não ser arcar com as conseqüências dos nossos erros ou acertos. Não temos “Ctrl+Z”.

Ele realmente espera que aprendamos com os nossos erros, não importa se temos 20, 40, 60 ou 80 anos. Mas nem sempre estamos dispostos a aprender. Por isso o Eterno cria situações, nas quais demonstraremos nosso “melhor” (quando aprendemos), ou nosso “pior” (quando desaprendemos tudo).

Por isso meu amigo(a), tire um “tempo” para si. Olhe para atrás, e veja o que "planejou" e "deu certo", assim como veja o que "planejou" e "não deu certo". Lembre que nesta vida, o relógio sempre anda para frente. Logo não viva no passado, mas “aprenda” com o seu passado para melhorar o seu futuro.

Transforme este “Novo Ano” em um “Ano Novo”

Feliz Ano Novo!!!
Boris Alday

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