domingo, 28 de dezembro de 2008

Dos Andes para Israel.

(fonte: “La Revelacion” de Graciela Mochkofsky, Editora Planeta Arg.)

Faz algumas semanas me deparei com uma impressionante historia de Graciela Mochkofsky, uma jornalista argentina, filha de mãe católica e pai judeu polonês.

A própria Graciela conta como “tropeçou” com a história: Certo dia, ela estava fazendo uma pesquisa na web para escrever um novo artigo para o jornal onde trabalha. No meio do “Google”, ela achou “por acaso”, uma carta de um rabino americano, na qual o rabino estava pedindo dinheiro às comunidades judaicas de USA, para ajudar a uma comunidade de “judeus-incas”, que ainda estavam em Peru à fazer “aliá”.

Chama-se “aliá”, o direito (legal) à cidadania israelense, a todo judeu de “nascimento” ou “converso”, desde que este último tenha feito sua conversão seguindo a linha ortodoxa.

(*) O governo de Israel não reconhece, para efeitos de “aliá”, conversões oriundas do judaísmo “liberal” ou “reformista”. Quanto ao chamado “judaísmo messiânico” ou “nazareno”, as autoridades de Israel ainda os consideram como linhas do cristianismo evangélico e não judaísmo.

Intrigada com a existência de “judeus incas” a jornalista argentina entrou em contato com o rabino americano. Mas este já havia falecido (suas cartas ficaram registradas na internet mesmo depois da sua morte), e sua viúva, que tinha sotaque latino-americano, lhe contou uma historia fascinante que vou resumir a seguir.

Por volta de 1944, numa pequena e pobre cidade peruana de nome “Cajamarca”, ao norte de Lima, um jovem adolescente de 17 anos, de nome “Segundo Villanueva” recebe como única herança do seu pai, uma velha Bíblia Católica.

Por causa da violenta morte do seu pai, que fora assassinado, Villanueva mergulhou na Bíblia Católica em busca de algumas respostas. Mas ao invés de ir para o conforto espiritual do chamado “Novo Testamento”, Villanueva ficou no primeiro livro da Bíblia, o livro de “Bereshit” – Genesis.

Depois de estudar a Bíblia por longos anos, Villanueva tropeçou com os engessados dogmas católicos. Isto fez com que Villanueva migra-se para à igreja protestante.

Na igreja protestante, um pouco mais liberal para o estudo e interpretação da Bíblia, Villanueva estudou mais a fundo, e começou a perceber uma “verdade” que paira como uma sombra obscura por cima do cristianismo. A de que existe uma grande diferença entre o que “diz” a Bíblia e o que a igreja “pratica”.

Por causa da descoberta do “abismo” que existe entre a “teoria” e a “pratica” cristã, Villanueva se lançou, mais uma vez, em busca de respostas. E isto o levou a experimentar os vários sabores do cristianismo evangélico. De batista, à adventista, à carismático. Até que por volta do ano de 1960 ele acabou fundando uma denominação independe.

Segundo a escritora e jornalista, Graciela Mochkofsky, “Villanueva estava com fome de descobrir a grande pergunta de todos os tempos: Qual é a verdade?”

Villanueva não sabia onde estava a verdadeira fé religiosa. Mas já estava convencido de que esta, não se encontrava no cristianismo. E assim começou a buscar respostas no judaísmo. E como quase toda a comunidade judaica de Peru se concentra em Lima, Villanueva levantou alguns poucos recursos, e viajou à Lima, em busca de respostas.

Mas dizem por ai, que todo caminho em busca da verdade é sempre difícil.

Por essas coisas que os rabinos não conseguem explicar satisfatoriamente, as comunidades judaicas de latino-america, com raras exceções, são extremamente fechadas para os extranhos. O medo a que desconhecidos venham à sua comunidade e tomem suas filhas ou filhos, e/ou que estes venham a buscar ascensão social e financeira às suas custas, fazem com que as comunidades simplesmente fechem as portas para os “Guer Tzadik” – Os conversos justos.

(*) Em outros lugares, como USA e Europa, onde existe menos desequilíbrio social, esta aversão pelos estranhos é muito menor. E em alguns lugares, inexistente.

Isto se deve, em parte, à que a “halachá” (a lei judaica) diz que depois que um “não-judeu” se converte (sempre pela linha ortodoxa, é claro), ele é 100% judeu, e alguns rabinos dizem que é 120% judeu (ou seja, um convertido é mais judeu do que um natural), e não pode haver nenhuma diferença entre o “natural” e o “converso”, e o mais delicado de tudo, nunca vai deixar de ser judeu, não importa o que faça, ou deixe de fazer.

Mas como todo “grande muro” sempre tem uma “pequena porta” (ou janela), Villanueva encontrou a simpatia de alguns poucos judeus, que o presentearam com alguns livros de judaísmo, como “Sidur” (livro de orações), “Talmud” (livro de estudo), “Shulchan Aruch” (livro de leis), alem da própria “Torá”. E o melhor de tudo, em castelhano.

Estudando estes livros, Villanueva não teve como não fazer as habituais comparações entre o cristianismo/ judaísmo e as Escrituras. E então, começou a ministrar alguns ensinamentos considerados exclusivamente judaicos. Como “kashrut” (comida apropriada), “Shabath” (guarda do sábado) e outros temas. No final disto, mais de metade da comunidade o abandonou. E ao sair gritaram para ele: “Seu Anticristo!”.

Villanueva, com menos da metade dos seus seguidores, continuaram estudando as escrituras. E ai veio outro momento ruim: O “Brit Milá” (Circuncisão). Villanueva estava convencido que de o “Brit” não era algo somente “espiritual”, como ensina o cristianismo. Mas que se tratava de um assunto literal e “cirúrgico”.

Novamente, metades dos membros o abandonaram, por considerar o rito da circuncisão, uma decisão extremante difícil de ser tomada. O que convenhamos, é uma decisão muito difícil de ser tomada.

Um dia, quando Villanueva estava lendo um jornal peruano, ele se deparou com uma noticia da celebração da “guerra dos 6 dias” de Israel. Foi então que ele entendeu que ainda existia a nação de Israel. E seu desejo de ir morar na chamada “Terra Santa” cresceu dentro dele. Mas sem nenhum recurso à mão, ficou apenas no sonho. Nada mais.

Por mais de 20 anos Villanueva, e seus amigos, seguiram algo parecido com o judaísmo ortodoxo, sem sequer ter um rabino que os ajuda-se. Mas um rico empresário, de uma das comunidades de Lima, ficou intrigado e foi ver “in loco”, como Villanueva e seus seguidores viviam.

Quando o empresário judeu viu a pequena comunidade de Cajamarca ficou pasmo. E assim ele se empenha em ajudar de alguma forma ou outra à nova comunidade de conversos. A primeira coisa que este empresário fez foi buscar um rabino em terras estranhas. E assim chamou um rabino de USA. O mesmo rabino, que no inicio da historia estava levantando fundos entre as comunidades de USA para ajudar os judeus incas.

O rabino começou a orientar à nova comunidade na ortodoxia judaica oficial, e chamou outros rabinos de Israel para participar do processo. Por volta de 1990, depois de verificar um a um a honestidade da sua fé de cada membro da comunidade, os rabinos sacramentam definitivamente a conversão de toda a comunidade, e comunicam o Gran-Rabinato em Israel.

Até o rabino acabou encontrando sua “alma gêmea” entre os conversos da comunidade inca, e quando terminou o seu trabalho, voltou com a sua esposa peruana para USA. A mesma que relata esta historia à jornalista argentina.

Por volta de 1990, o rabino americano consegue finalmente levantar os fundos necessários para conseguir o que parecia impossível... A migração de toda a comunidade inca para Israel.
Em 1991, com a ajuda do Gran-Rabinato, e da autorização do governo de Israelense, quase toda a comunidade migrou para Israel, onde se estabeleceram nas colônias da palestina. Ao todo, quase 200 pessoas.

Os remanescentes, os que por um motivo ou outro não migraram em 1991, ficaram em Peru. Mas ao invés de abandonar o caminho, eles perseveraram e fizeram crescer novamente a comunidade judaica inca, em Peru.

Entre os anos de 2001 a 2005 todos os judeus incas deixaram o Peru com destino a Israel, onde residem até hoje. Uma comunidade de quase 400 “ultra-ortodoxos”.

Por volta de 2006, Segundo Villanueva faleceu com quase 80 anos. Ele foi enterrado na Terra Santa, como judeu e cidadão israelense.

A jornalista argentina, Graciela Mochkofsky, registrou tudo isto no seu livro chamado “La Revelación – Uma historia real”. E esperamos que algum dia esteja disponível no Brasil.

Mais detalhes:
http://www.youtube.com/watch?v=to_x5MT8IW4
http://www.youtube.com/watch?v=VLf2yC9qBME
http://www.youtube.com/watch?v=B8CZgkGYW7w&feature=related

O Livro:
http://www.lsf.com.ar/libros/37/REVELACION-LA/

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